Na orla da noite



"Na sombra da noite,
fachada onde as estrelas imitam luz,
Nela venho mascarado,
única coisa minha igual frente e verso,
Que tomo de corpo e alma,
faço parte desse seu vulto denso
Onde eu me perco
e, de mera sombra,
me torno num outro
e noite dentro também,
Mas sem sonhos por perto,
que não sejam as estrelas
paradas em cima de mim,
Nem sou nem mais fui esperado,
na orla da penumbra sem fim"

Jorge Santos
04/2010
http://joel-matos.blogspot.com

Frases

 partidas


Tenho muitas frases, como aquela da “lua fundida”
Entre o cais e a maré,
Frases do andar por andar “da gente” na rua despida
De frases fundeadas e sem pé,
Frases que querem vir para a frente do título e desmenti-lo
Depois em rodapé.
Perdido estou em magras frases da minha rasca vida !
Rendida  em contadição
Perdido na mansão ou corredor temporal da frase sem sal
De facto, não,
Não tenho agora frases que sirvam de verdade a todos e tudo,
Elas, por um nada mentem,
Tenho umas outras frases que se me avizinham
E me enfrentam,
Frases fininhas, em tiras, na mente, que me vêm e vão,
Frases singulares,
Em gatafunhos secretos e sinais na fase do sermão
Aos peixes,
Que um mero filósofo (ares a fidalgo da rua) de único sentido
(Ainda que extranho) Inventou de repente, para meu intimo e vão uso.
E rondo frases à roda da tabuleta melancolia,
Seu interminável e redondo uso!
Não me encontro com ninguém que me louve
Ou me sublime,    
(tenho fases, como a lua, “aquela lua fundeada entre o cais e a maré”.)
No dia em que alguém perguntar ser minha
A frase que “algum pessoa” leu,”não é dia de eu ser só eu”
E, quando chegar esse dia,
O outro “eu” liberto de cada pagina  em tiras fininhas cortada,
partiu e, então “comigo, já viveu”.

Joel Matos
04/2010
http://joel-matos.blogspot.com

tradutor

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