O sonho que se opôs a que eu vivesse,
Se viesse ver-me, na cinza fosca do inferno,
Veria que nada de novo acontece
E nem nas pequenas coisas eu m’empenho,
Na esperança que quis que eu acordasse,
Com os olhos cegos dos enigmas que abarcam,
No medo e na dor me vence, pois é a de quem nasce,
Sem começo, nem a casta certa dos que por cá andam.
E no amor fictício, como se este nunca acabasse,
Do qual falava e o qual invejava,
Por não ter por quem o sonhasse…
Fiz da pouca fé, minha escrava e serva,
A glória eterna, vandalizei-a na face,
E vi, na cesura pálida, os que morreram,
Sem nome, sem que a memória descrevesse,
Quanto de quantos sonhos, sonharam eles.
Jorge Santos (04/2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário