Poema da linha do horizonte.




Poema da linha do Horizonte.


Entre o aonde e o perto, decerto
Escolho o longe e o beijo do deserto
Distante, Homérico…
Por ser mais incerto se me perder

Pressuposto é…
Poder ver de-lá, o sol-posto,
O céu cor de escarlate e bege,
O beijo do sol-poente
E as montanhas de fogo
Estenderem-se p’lo horizonte,
Pungente de leite-creme e nata.

Prendo a amplitude d’um folego,
Não vá desaparecer de repente,
O ilógico e frágil,
Encanto, 
Um mágico com estandarte
D'invólucro, de fractal silêncio,
Envolve-me a razão,
Como um feliz queixume…
…A-céu-aberto

Será caso pra que se não erre nós, caminhos
E cruzamentos, assim como
Se  não erra, nos sinónimos
Da palavra te-amo,

-Amo o longe e o pra’onde
-Amo o incerto e o lugarejo
E que o vento, me convide
Pra um pais longínquo,
Aonde ande o descalço,
O mago e o beijo do horizonte.


Jorge Santos (03/2103)

Homília ao silêncio...


Homilia do silêncio


Perguntei ao silêncio porque  se iludia de sigilo,
Repetiu-me do exílio a censura e o vácuo,
Pousando os tentáculos à volta do espólio
Do meu peito, interrogando-por quem eu sou?

Perguntei ao silêncio onde jaziam as palavras
Dele, compareceu-me o nada e o esquecimento
Com a ousadia pouca, das coisas profanas e avaras,
Mirando-me com um esgar de contrafeito.

Perguntei ao silêncio, o significado de contradição,
Retorquiu um eco árido e oco como piras a arder,
-Porque levava eu de dentro, tamanha danação,
E coisa alguma num taleigo, impossível d’apegar.

Perguntei ao silêncio, se alguém me ouviria, pra’lém
Do fim, respondeu-me a morte, na esquina da sala,
-Completa a vida tua e amaina a miragem,
Essa que alguns pensam ter da lucidez o saldo…

Perguntei ao silêncio o cargo que ocupava, na suprema
Escala humana e não obtive resposta alguma…



Jorge Santos (03/2013)

tradutor

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