Prazer da busca...




Parte de mim busca o prazer,
Parte do que possuo no ser
No entanto, é possuído
Por certo prazer que nem
Sei descrever ou sei se possuo
No som que procuro trazer, por escrito …
Se escrever posso possuir o dom que busco,
Porque apraz a minha vontade viva…
Parte do prazer que usufruto,
Vem da busca de mim, que o escrever me Traz,
Parte de mim busca o prazer,
Da arte que transforma em busca,
Aquilo que posso não achar
Em mim,encantar a outra parte,
Encanto que é o que puder e quero ter
E não possuo,
A arte de descrever
Tal busca, que busco sem saber qual parte,
E quanto possuo,
Embora parte de mim busque
O que outra arte que encanta diz fazer parte
Da vontade de ser eu
E me procurar,
Do lado, onde me encanto
E me iludo, como nesta escrita
Sem arte, onde nem sempre me encontro,
Com quem nem sempre me cruzo…

Porque falo de mim...




Ninguém fala dos outros
Quando escreve para si, só
Poesia que para tantos outros,
Parece falar com eles, deles
E deles só, não sou bom
Ouvinte, nem as cidades
Aumentam a sensibilidade
De meu débil ouvir, mas respeito
A sensação de estar “de bem”
Com a Terra, ensina-me esta
A falar de tudo e do que sou
Feito e aos outros que não ouço,
Mas percebo apesar do barulho
Mudo nos reinos Este a Oeste
Do fim de tudo, onde não cresce
Hera, nem hora nem o fuso,
Nem me dá bom agouro,
Ou usufruto …Pois ninguém
Falar deve, por todos, sem com ele,
Em primeiro no fim e no fundo…

O desejo que morrerá comigo...


O desejo que morrerá comigo
É o único com que acordo e me deito,
Pretendendo ter uma supra consciência
Do que suponho ser universal ou divino,
Nada aparentado aos sonhos só meus
Que nem tenho, mas se reúnem
Como sendo, num capitulo e se resumem
Num desejo que morrerá dentro,
Das passadas que não uso, mas habito…
O desejo que morrerá comigo,
Carrego-o no instinto, inútil é ele,
Tal maquina de escrever que faço uso,
E de que sou marido, ela mulher,
Embora não sejamos casal perfeito,
Copulamos na sala de estar, no leito
No escritório e na cadeira de barbeiro,
Somos dois abismos sem limite
Tendo um céu lá em cima servindo
De horizonte e de ilusão, eu e o desejo
Que morrerá comigo, irónico, eu contente
Como um cão voluntarioso,inevitável.
O desejo que morrerá comigo,
È a memória pura e dura da criatura
Que mais mal conheço e o medo
Que coexiste neste veículo de sentir
Tudo e realmente… Triunfo e mérito
Ou o desprezo de todos eles, do destino
Que nasceu e morrerá comigo, servo
Da realidade, da obediência ao inevitável
Quanto baste, da vontade e do quinhão
De desejo eterno, de sonhar ser vida,
Mas morto esquecido e selado.

Servo Sol...




E quando me depuser o sol
Na curva o norte não serei eu,
Nem estarei na primeira fila, no monte
D’enquando se levantar novo
Lá no céu, a rebolo de ventos
E tempos, não serei eu quem rodopie ou dance, nem mote
Este poema tem pois ele não rebola com o sol quente,
Nem está em tudo o que é areal, vida
(chegada e partida)…
E quando se puser o sol,
Na curva a norte não lhe darei ” boas vindas”
Pois será inútil esperar que volte
Eu, o sol não me deu guarida, abraço,
Nem me abriga do mau tempo aqui,
Nem este poema é só meu,
Mas devido à real querença,
De voltar como vosso,
Tal qual um servo sol…
(Ele vosso porém)…

A razão do tempo...





Às vezes pareço ouvir
O tempo a passar, intimo
Do ouvido e penso como
Vale a pena ser cúmplice, não
Do tempo mas do ouvir,
Pois sei do tempo que passa
Ao passar, por ouvido e não
Pela falta de ouvir, nem de
Pauta, às vezes pareço ser
Cúmplice dos homens todos
Que passam, mas sou apenas d’um,
Com o qual passo todo o tempo
A ouvir, a ouvir o tempo que passa
Junto aos ouvidos dos dois,
Sem forma, lento e sem razão,
Tal e qual os ferros em brasa, dois
Que residem e colidem dentro
E bem fundo em mim e ecoam
A voz que emprego, o sentir profundo,
A fantasia e o sonho, irmãos cativos
De meu coração que não sente, nem cansa
De emitir o que interessa,
Bastava buscar na esperança ouvir
A substancia que o reveste,
Mesmo que ele nada contenha,
Sob a pele o sangue e veias,
A imaginação do contentor,
Será o papel de parede deste
Coração que não sente, mas lê e ouve
Todos os dias na paisagem, a mudança
E a ser indiferente a tanta e à tal dor
Falsa, fictícia, desinteressante, baça
Da mesma cor do aço, que não contém
Sob a pele, sangue e veias mas teima
Tal e qual badalo com pressa do sino
Que parece ouvir-mos na cabeça
E nos foge pela boca, às peças…

Jorge Santos 10/2015)
http;//namastibetpoems.blogspot.com

tradutor

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