Odin

OUTONO








Furioso, Odin levanta a vara que o ampara
E lança o feitiço apontando o espaço
O ar cresce de negro, rastilha o trovejar disparando raios
Em todas as direcções, às cegas.


Nas pregas da serra arde a urze e ilumina a cena
Que orquestra o mago.
Na recôndita vila maldita cantam os galos pretos
A lenha crepita e irrita os olhos defumados


E ajeitam-se os alhos em galhos e varais nos vãos portais.










PRIMAVERA






Amainado o vento, Odin pousa a vara que o ampara
Faz refulgir os pântanos infectos, derrota os vândalos
E os profetas da desgraça, dá asas alegres às borboletas
Harmonia às trombetas de guerra.
No castelo de Montsegur ressuscitam os bonshomens
Tudo é verde no mundo dos Cátaros


Odin regressou no ramo verde e no rumo dos bravos, dos pássaros e dos patos
Que grasnam e voltam sempre ano a-seguir a ano.




Pr’a ficar furioso de novo no Outono






JORGE SANTOS

Caravelas Pandas



O cheiro que tinha um dia o próprio vento.
Esse cheiro que o vento traz e diz saudade,
No despertar da Esperança, ao fim e ao Cabo
Pressente-se o regresso das caravelas inchadas,
Sentindo mais pesadas as perdas nas ondas pandas prenhas.


Dulce, sentada na areia,
Demora-se, ansiosa, espraia,
Folheia um livro de poemas,
Sentidos. Dos olhos,
Amêndoas de sereia
Derrama sal, e saudosa,
Espreita nas ondas e nas conchas
O som cheio no vento trazido.
Ele era um soldado
Embarcado, desgraçado,
Desterrado nas naus
Pelo alcaide-mor,morto.


A jovem Dulce, prenha espera
E desespera a chegada
das caravelas inchadas,
com um orfão nas entranhas.
estranhas vindas e idas das caravelas pandas.


Jorge santos

A oliveira torcida


A oliveira.


Retorceu-se e revirou-se,
Tinha Consciência do pressagio,
Tão só ficou no monte vazio,
Longe da villa e das gentes,
As terras eram lavouras grandes,
Os campos transformaram-se,
Veio então torcido o vento grosso,
Empurrou-a pelas folhas,
E pelo tronco outrora forte,
Abanou-a como vassoura,
A raiz teimosa gemeu,
Mas não cedeu,
A chuva pesada veio, levou tudo,
Os grandes trigais por ceifar,
E as oliveiras com ela,
A terra ficou mais cinzenta,
E as noites nos lugares de casas,
Mais negros, negros nos rostos
E nos pratos rasos,
Sem mais azeite,
As candeias às avessas,
Com as oliveiras nos montes.




Jorge Santos

Bonfim



No fim da Alameda do Bonfim,tem uma vereda,na entrada morreu parte de ti,mas foi a parte que não conheci,a outra escondi...só pra'qui vir todos os dias..chorar na tua frente.


Jorge Santos

D'azur







Lá da Quinta do Parnaíso


Lindas, aprazíveis, ocultam


Por despido sorriso
Tons raros anil repétulas
Sortilégio d’enfeitiço
D’ázur infinito e pérolas
Adiei verbos despedir ,
D’mais outonais,
Por crer ver-te florir,
Pr’aí p’los quintais,
Ai,Ai flores d’azur Ai,ai.




Jorge Santos

Barc'azul.




Barc’azul








Sonhava navegar de azul,


No barquito ali do lado,


Cavalgar brancas cristas,


Ser Surfista de muitas praias,


Quando corria, pl’as ameias


De passageiros castelos ,


Construidos de leves areias,


No vai-vem ,nas ondas


Dos mares , norte e sul,


Feitos e refeitos em utopias.


Sonhava mudar tudo,


Ser um che-Guevara barbado,


Hasteando rubras bandeiras,


Gritei“Revoluçion ó muerte”,


Mas ,metade de mim, ficou


No barquito azul sonhado.






Jorge Santos

Torto retrato meu/seu.



Por vezes, me dá, um
Arrepio, não de frio,
Mas com o que escrevo,
Como se, minha não fosse,
A brisa soprada no ouvido
Ou a voz docil que entra
Pela porta virada ao mar,
Ou outra nas traseiras
Ao lado da serra deserta.
Quem vês?grito do virar da'squina.




Nem sei, se disperso,o que nesta
Súplica resta, se,minhas frases
Arrasam ou se, as misérias,ele
screve e devora só'minh’alma
Rota e fosca, tantas vezes repetida
Vida opus vida. Realmente não mereço,
Que mais dei?que nunca diz,
Nada e ninguém,
Que derramei ou não fiz,
Nem frases feitas me descubram,
Da volúpia, do medo e lado feito,imoral,
Nos ardendo corpos,nus deitados
No sol, nem sei,se suas ninfas sejam,
Nem sei, mesmo assim,mudo,o'screvo,
De texto,Jorge Santos

Joel Matos

Torto retrato meu/seu.




Por vezes, me dá, um
Arrepio, não de frio,
Mas com o que escrevo,
Como se, minha não fosse,
A brisa soprada no ouvido
Ou a voz docil que entra
Pela porta virada ao mar,
Ou outra nas traseiras
Ao lado da serra deserta.
Quem vês?grito do virar da'squina.




Nem sei, se disperso,o que nesta
Súplica resta, se,minhas frases
Arrasam ou se, as misérias,ele
screve e devora só'minh’alma
Rota e fosca, tantas vezes repetida
Vida opus vida. Realmente não mereço,
Que mais dei?que nunca diz,
Nada e ninguém,
Que derramei ou não fiz,
Nem frases feitas me descubram,
Da volúpia, do medo e lado feito,imoral,
Nos ardendo corpos,nus deitados
No sol, nem sei,se suas ninfas sejam,
Nem sei, mesmo assim,mudo,o'screvo,
De texto,Jorge Santos

Joel Matos

Procissão de fé.



Acalento, aromas de romãs e flores,
Crentes de processionais andores,
Prostíbulos cerram meias portas,
Na travessa dos senhores doutores,
De rendas e cabeças cobertas,
Demoiselles ejectas e escorridas,
Suas excelsas filhinhas,
Miram de soslaio, o belo e jovem pastor,
A procissão anuncia-se com o estridor,
Dos foguetes na praça da igreja,
Chiiii …Chibum …chiii…bum…bum,
Sinos repimpam, rebitem tlin/tlon…tlin/tlon
Assoma o andor á porta e todos se dobram,
Logo emerge o sacristão, jactante na multidão
Seguido do Padre, nariz grande cor de cereja,
Já com as hóstias na bandeja e as velhas no beija mão,
Segue-se a ralé, vindos de longe, a pé,
Pois os cavalos, só se permitem aos senhores,
E assim, segue a procissão de fé,
Até ao cair de noite, perdendo-se no rufar distante,
Distante, dos tambores…


Jorge santos

Frágil...Frágil.



Por vezes, dou contigo,
No umbral da porta,
Fixando as estrelas,
Ouço-te perguntar,
Se há vida aí fora,




Se abrimos aqui Pandora,
E a caixa dos medos,
(dizes, de olhos largos)
Há que a fechar agora,
Antes que seja tarde.




Ouço-te perguntar,
A razão do ódio
Que mata por matar,
Fácil, frio e doentio.




Não respondo ágil,
Apoio, na pedra do postigo,
A cabeça e Penso comigo,




Que humanidades estas,
Capazes, por pura vaidade,
Colonizar outros planetas,
E incendiar esta frágil “TERRA”.


Jorge Santos.

Eva doce.



Cheiro a Eva despida,
Vara Verde
E erva cortada,
Recente,
No jardim da frente,
Do prazer…


Cheiro a Eva Suada,
Molhada
E quente,


Rebolada , nua
Na relva ,
Pele rosada,
Ansiando
Ser tocada.


Quando, enfim
Se funde,
Névoa e madrugada,
É vê-la deitada ,
De costas, nas rochas
De qualquer costa,
Enseada.


Eva amada, sem frio,
Nas noites de lua quente,
No areal, à beira rio,
E em todo o lado,
Por toda a gente.


Sempre Eva, satisfeita….


Jorge Santos

Parido..



O lápis Partido,



Não, não se vende mais, se dá,
Mas somente a quem o agarra,
Mente, sim, para ter atenção,
Enrosca-se e transforma-se,
De víbora anã, em imensa Boa,
De acto inacabado, parte e voa,
Igual a negro Dragão alado,
Fugido ,da prisão ,de mil anos.


O Lápis partido


No pântano perdido, submerso ,
Até bem perto ,do umbigo,
Amaldiçoa, rosna e maldiz,
Tudo o resto ,que não versa,
Protesta cada raiz, trespassa-o,
Pelo nariz, a vaga mandrágora,
E um universo brilhante ,de pirilampos
Vivos ,nos cabelos feitos de limos.


O lápis partido…O lápis…parido

Jorge Santos

Chic...



Chic vai ,chic vem,
Mostra-te bem,
Sua vaidosa,
Pinta-te, com baton
Cor-de-rosa,
Usa Perfume bom.
Finge-te difícil.


O Chip-chap do vestido,
Na galeria do shoping,
Soa ao lençol de seda
Esta manhã rasgado,
Por aquele que ao teu lado
Dormia, Quem seria?
Não sabes?
Fui eu ...

(Jorge Santos)

Porta Fora...


Silêncio e escuridão ,
Porta dentro,porta fora,
Algo caminha,lento,nesta rua,
Alguém que brada e chora,
Abro a porta ,a medo,
Porque na porta ao lado,
Outro eu o ignora,
Sou eu que entro,
Porta dentro,porta fora:
-Ha alguem aí dentro,
Grito e brado:
-alguém que me ignora,
Afinal sou só eu ,
Porta dentro porta fora,
Quem brada e chora.
Sou o único que aqui ,
Nesta rua,mora.

Joel Matos

Porta Fora...



Silêncio e escuridão ,
Porta dentro,porta fora,
Algo caminha,lento,nesta rua,
Alguém que brada e chora,
Abro a porta ,a medo,
Porque na porta ao lado,
Outro eu o ignora,
Sou eu que entro,
Porta dentro,porta fora:
-Ha alguem aí dentro,
Grito e brado:
-alguém que me ignora,
Afinal sou só eu ,
Porta dentro porta fora,
Quem brada e chora.
Sou o único que aqui ,
Nesta rua,mora.

Joel Matos

Sete Mares,Sete Cais...



Sete luas navegando,
Sete mares sem rosto,
Sete estrelas traçando,
Sete destinos sem rasto.


Perdidos em lendas,
Linhas de horizontes,
Ondas e sereias
Cantantes.


Perdidos, nós,
Sem alma,
Naufragada…e voz,
Cansada,que chama:


- Navegantes,
Onde estais,
Que luares e lugares
Navegais…




-Que
Cego nevoeiro vos dissolve
-Que
Cega Cruzada vos envolve
-Que
Cego sino ouvides tocar:


-Por Sete noivas vazias,
Sete campas viúvas,
Sete colinas…
Sete vidas
Perdidas…
Sete cais.

Jorge Santos

Os Anjos


Meio altos ,meio magros
Pairam, pálidos, no ar…


Hoje soltaram-se das sombras,
Transformam-se as máscaras
Hoje tempera-se a sal
Caldeiras infames,
Calam-se as bruxas…


Entrega-lhes este bilhete,
Diz-lhes que estou aqui,
Conta-lhes que me perdi
No nada ,na sombra,
No limbo transparente,
Já não choro,
Já não grito,
Morri por dentro.


Meio altos, meio magros
Pairam ,pálidos…e eu vou…
Não sei para onde …

Jorge Santos

Paranoia...



Sob as pimenteiras doces
Dançam velhas, soam tambores,
Crescem raízes, longas como
Cabelos e me roçam manso,
Perfuram-me, não um ramo,
Mas dez dedos espetados,
De outros tantos, Santos mortos,
Que lançam lanças certeiras,
Fogo quente e fogueiras
Neste corpo cru de dores.

Jorge Santos

Chuvas de Verão



Na tua gaveta
Estão as coisas simples
As pétalas e os orvalhos


Na minha
Estão as coisas dela
Juntos ao meu vaguear


No teu tapete
Estão as minhas pegadas
Fugazes


Nas pegadas dela
Odores de flores
De Maios


No teu castelo de areia
Passo devagar
Para te não acordar


No meu forte
Sou o teu troll
Bem real


Na tua gaveta
Estão os aguaceiros
Na minha
As enxurradas.



Jorge santos

Mar Salgado...Lágrimas de Portugal.


Urgente é inventar, outra forma
De voz, de pensar forte, alto,
Mais que em outra revolução,
Mesmo a de pernas para o ar,
Sacudir o pó da bandeira,
E seja sem aquele futebol.


No Salgado profundo verter,
Menos lágrimas por Portugal,
É pensar urgente num novo poema.

Jorge Santos.

tradutor

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